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O percurso artístico da pintora Yara de Moraes já é do conhecimento de quantos atentos ao panorama das  artes plásticas entre nós.

Revelando um espírito de síntese verdadeiramente surpreendente, a pintora já havia trazido, a olhos apreciadores, suas paisagens escoimadas de superfluidade ou detalhe prescindível.

 Em pinceladas limpas e vigorosas, sua recriação da natureza se apresenta sempre num plano de idealização simplificadora e reinterpretativa.

Neste conjunto de obras, em que mergulha, numa decorrência espontânea, em soluções abstracionistas, ocorre como que um derramar-se de criatividade e sensibilidade.

Apoiada num primeiro passo interpretativo em a natureza arbórea, suas obras, ampliadas em frequência crescente, alcançam planos de transbordamento e ascensão ao infinito.

As cores, sempre contidas e quase monocromas, se apresentam em soluções harmônicas, nada concedentes  ao colorismo fácil e vulgarmente decorativo. Pelo contrário, a emoção estética decorre de uma, diria, obsessão de veracidade e autenticidade interior.

Constitui um enfoque novo, de certa forma didático, esse encaixe encadeado de telas, em que se evidencia a  progressividade do processo criador.

Vê-se como as formas assim obtidas, primeiro sintéticas, depois libertas e espraiadas, têm uma dinâmica que parece conduzir ao transcendente.

Há muito de espiritualidade nessas luminosidades contidas, não raro, incopiadas e reveladoras. 

A pintora Yara, numa decidida condução ao deleite estético, faz o observador elevar o pensamento e perder- se nos meandros do cosmo, lembrando os versos de Tasso da Silveira:

 

                    "A inteira, misteriosa realidade 

                    é o eterno surdindo do tempo,

                    é o absoluto afloramento efêmero,

                    é deus presente no imperfeito 

                    para me contemplar 

                    e me guardar..."

 

  Euro Brandão

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